O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta terça-feira (23) que já vinha reclamando da articulação política do governo com o Congresso — que é de responsabilidade do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. E que Padilha “fez várias” com ele, mas que as “palavras ditas estão ditas”.
“Eu não tenho problema de reconhecer o erro quando faço. Eu já vinha apontando, reservadamente, ao governo, e ele sabe disso, que há alguns meses não funciona a articulação do governo”, argumentou Lira.
A declaração foi dada durante o programa “Conversa com Bial”. O apresentador questionou Lira sobre uma entrevista que ele concedeu à imprensa, no início do mês, em que chamou Padilha de “incompetente” e afirmou que o ministro é um “desafeto pessoal”.
“As palavras ditas estão ditas. Eu não eu poderia ter adjetivado melhor ou pior, como eu te disse: eu sou humano, eu posso errar e posso acertar, mas, para mim, a política tem que ser feita sempre reta, clara, nada por trás, nada em off, nada de vazamento”.
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Os ataques a Padilha pelo presidente da Câmara foram depois de ser questionado por jornalistas sobre a votação na Câmara que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Na entrevista exibida nesta terça, Lira negou ter “comprado a briga” pela soltura do deputado.
“Não comprei. Isso é uma inverdade (…). Não há um deputado na Câmara dos Deputados e eu converso com todos eles. Não há nenhum deputado que diga que eu influenciei o voto dele, que eu pedi voto. Acho que isso é uma discussão muito pessoal de cada partido e de cada parlamentar ali”, afirmou.
Nos bastidores, porém, deputados disseram que Lira ficou contrariado com o que considerou ser uma interferência do governo, sobretudo de Alexandre Padilha, na análise pela Câmara da situação de Brazão. Padilha disse, publicamente, que o governo orientaria pela manutenção da prisão.
A declaração de Lira sobre Alexandre Padilha, em 11 de abril, gerou repercussão. Lula e o PT, por exemplo, saíram em defesa de Padilha.
Na época, o PT publicou uma nota dizendo que o presidente da Câmara “compromete a liturgia do cargo”, enquanto o presidente da República afirmou que “só por teimosia, Padilha vai ficar muito tempo” no ministério.
Após o mal-estar e de ser ventilada uma crise na articulação política, Lula disse, nesta terça, que não acha que o governo tenha problemas com o Congresso.
“A gente tem as situações que são as coisas normais da política”, declarou o presidente durante um café com jornalistas no Palácio do Planalto.
Ainda durante a entrevista com Pedro Bial, Lira disse que não se vê como um antagonista do presidente da República.